Pois é.. Ainda cá estou à pouco
tempo mas já deu tempo para algumas boas histórias...
Das primeiras coisas que nos
dizem quando chegamos a Timor e nos aventuramos ao volante é: "se
atropelares algum cão, porco ou galinha, prepara-te para desembolsar
uns quantos dólares!"
Geralmente até ando de bicicleta
para todo o lado, portanto achei que o meu problema seria ser eu ficar debaixo
de um carro. Sim, a condução em Timor é algo a que, provavelmente, nunca me vou
habituar. A buzina aqui serve para tudo e mais um par de botas e existe uma
vasta gama de diferentes sonoridades. As mais engraçadas são as das microlets,
os mini-autocarros públicos aqui do sítio. Não sei porquê mas associo sempre a
uma nave espacial a levantar voo.
Em Portugal, geralmente usamos a
buzina quando queremos chamar a atenção de alguém que está a fazer asneira,
certo? Aqui não! Não interessa quem está a fazer asneira, o que interessa
é buzinar! Algumas vezes serve simplesmente para dizer: "estou
aqui!" Algo, que todo o meio de transporte, seja ele qual for, faz a cada
5 segundos. Por vezes, também serve para dizer: "estou aqui e não vou
parar ou abrandar, salta da frente!" Outras tantas, serve para os taxistas
chamarem os malais que passam a pé. Ou seja, se andarmos a pé em Díli, é certo
que temos banda sonora até chegar a casa.
Para quem anda de mota, a buzina
também é mais do que fundamental. Especialmente para chamar a atenção dos cães,
porcos, búfalos ou galinhas que atravessam estradas cheias de carros como se
fossem seres imortais.
Outra coisa que se costuma dizer
aos viajantes, é que todos temos a nossa lista de coisas que, quer queiramos quer
não, têm de acontecer. Em Timor, essa lista costuma incluir atropelar um
cão. Eu e o João já demos o nosso check na lista. Na realidade foram dois
checks logo de uma vez: atropelar um cão e cair de mota.
Tal foi a intensidade dos avisos
sobre os atropelos de animais e a grande indemnização que teríamos de pagar a
qualquer timorense que aparecesse a dizer que o animal era dele, que quando
caímos nem ajudei o João a levantar a mota. A minha preocupação imediata foi
certificar-me que não havia nenhum timorense que se pudesse ter magoado, e que
nenhuma das testemunhas do "crime" vinha reclamar o pote de ouro. O
cão ganiu mas fugiu pelo seu próprio pé e em vez de pedir dinheiro, bem pelo
contrário, os timorenses vieram muito prontamente perguntar se estávamos bem e
ajudar-nos. ainda assim, agradecemos a ajuda mas pusemo-nos a milhas bem
rapidamente, não fosse o dono do cão ainda aparecer... Felizmente ficaram
apenas umas nódoas negras e umas quantas gargalhadas à conta do coitado do cão.
Agora sempre que ando de mota,
não há como não ir a olhar para a frente, levar a mãozinha no ombro do João e
apertá-lo cada vez que surge a mínima ameaça à frente da mota. Esperemos que estes checks estejam feitos. O próximo é Jaco!
Bye bye!