O dia passado em Jaco foi qualquer coisa.
Jaco é uma ilha sagrada e como tal, ninguém lá pode passar a noite. Aquilo que a
malta costuma fazer é ir de véspera, acampar na praia, na margem do lado de cá
e, no dia seguinte, apanhar o barco para a ilha e ficar todo o dia de papo para
o ar. Foi o que fizemos: acordámos cedinho, atravessámos o canal em barcos
dos pescadores e tivemos um óptimo dia de dolce far niente!
Estes pescadores são senhores bem empreendedores que têm ali o negócio todo montado.
Para além de fazerem o transporte da malta para Jaco, pescam durante a madrugada,
deixam as pessoas escolherem o peixe fresco que querem, combinam uma hora e
depois entregam-no já assado na ilha. Íamos com a ideia de comprar dois
senhores peixes mas quando lá chegamos já só havia um peixe médio. Paciência,
tínhamos latas e bolachas para dar e vender e lá fomos nós felizes na mesma.
Dizem que a malta que se aventura a
desbravar o interior da ilha desaparece. Qualquer coisa que faz lembrar a série
Lost. Vai na volta, foi em Jaco que os argumentistas se inspiraram. Pelo sim
pelo não e respeitando as crenças dos locais, decidimos ficar pela praia e pelo
mar, um dos melhores sítios para fazer snorkling no mundo, dizem! Prometo que
da próxima vez que lá for já terei uma GoPro! Os rapazes chegaram a ver um
tubarão. Eu só vi muitos e muitos peixinhos, corais e estrelas do mar. Os
únicos peixes que todos soubemos identificar foi graças ao filme do nemo. Toda
gente viu dory’s e o mau, aquele peixe amarelo e preto com uma barbatana
comprida em cima. O nome dos outros peixes fica para uma próxima ida e um
estudo prévio da fauna de Jaco. Só para não darmos ares de muita ignorância,
ahah!
Almoçamos o dito do peixe com as mãozinhas
que é o que é bom, umas cervejinhas bem geladinhas que tínhamos levado, vimos
peixinhos e búzios andantes (sim, aqui os búzios ainda têm bichinho dentro),
passeamos pela praia, dormimos, lemos, etc... Deu tempo para um pouco de tudo
mas mesmo assim foi insuficiente. Jaco é mesmo espetacular!
Ao fim do dia, apanhámos o barco de volta
para a outra margem. Respirámos fundo e preparamo-nos para subir o tortuoso
trajeto até Los Palos. Felizmente tudo correu bem. Tal foi a violência da
subida que não consegui tirar uma única fotografia. Cada vez que punha a
máquina no olho o jipe saltava. Estranho é não ter ficado com um olho negro.
Qualquer vídeo que tivesse feito, o único resultado seria uma grande dor de
cabeça para quem tentasse seguir o vídeo.
De caminho para Los Palos e já depois da
terrível subida de 8 km, ainda passámos por um casamento tradicional timorense.
A cerimónia aconteceu numa casa sagrada, Uma Lulik. Ainda tentámos que nos
explicassem cada passo do que estava a acontecer mas ficámos apenas muito
confusos. Uns diziam que o casal tinha de dar sete voltas por de baixo da casa,
outros dezoito, uns mandaram-nos embora, outros chamaram-nos para assistir e no
final até fomos convidados para o copo de água. Com muita pena minha, estávamos
todos mais do que a cair de cansaço portanto não fomos a copo de água nenhum.
Fomos em filinha indiana com os carros do casamento durante uma hora até à
pousada e aí jantámos e aterrámos na cama. O banho teve direito a água quente.
Tendo em conta que não sabia o que isso era há mais de um mês, soube mesmo bem!
No dia seguinte acordei por volta das
oito. Lá fora estava a chover bem. É das coisas que me lembro de Venilale de
saber mesmo bem. A maioria das casas aqui em Timor e especialmente nas
montanhas, são super arejadas, com várias janelas grandes que estão sempre
abertas. Ficar debaixo do telheiro a tomar o pequeno almoço e a ver e ouvir a
chuva intensa lá fora é mesmo bom.
A seguir
toca de arrancar novamente para Baucau onde almoçamos um grande bife com tatas na
pousada. Quem diria que ao sair da capital teríamos acesso a alguns pequenitos
luxuzitos que estamos privados aqui na cidade. Comi mais bitoques durante este
fim de semana do que comi num mês que cá estou. Gosto muito de arrozinho, peixe
e vegetais mas gosto ainda mais de um bom bife e aqui em Díli é sempre um
problema para comprar carne. O clima também é bem melhor nos distritos e em Los
Palos, até tivemos direito a banhinho de água quente. Coisa que não existe na
casa MOVE!
Enfim, foi
um fim de semana cansativo mas que valeu mesmo a pena. O céu e as estrelas, o
snorkling, a praia, a calma, o peixinho assado, o casamento timorense, etc... Foi
mesmo bom! Pena passar tantas horas dentro do carro sem poder sair e conhecer um pouco mais! Continua a fazer falta uma experiência mais intensa da essência de Timor. Embora o nosso trabalho nos ponha em contacto diário com vários
timorenses, Díli não é Timor. Há todo um mundo para conhecer nos distritos!
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