Lost in Translation

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domingo, 8 de setembro de 2013

Jaco 2nd Round!


O dia passado em Jaco foi qualquer coisa. Jaco é uma ilha sagrada e como tal, ninguém lá pode passar a noite. Aquilo que a malta costuma fazer é ir de véspera, acampar na praia, na margem do lado de cá e, no dia seguinte, apanhar o barco para a ilha e ficar todo o dia de papo para o ar. Foi o que fizemos: acordámos cedinho, atravessámos o canal em barcos dos pescadores e tivemos um óptimo dia de dolce far niente!




Estes pescadores são senhores bem empreendedores que têm ali o negócio todo montado. Para além de fazerem o transporte da malta para Jaco, pescam durante a madrugada, deixam as pessoas escolherem o peixe fresco que querem, combinam uma hora e depois entregam-no já assado na ilha. Íamos com a ideia de comprar dois senhores peixes mas quando lá chegamos já só havia um peixe médio. Paciência, tínhamos latas e bolachas para dar e vender e lá fomos nós felizes na mesma.





Dizem que a malta que se aventura a desbravar o interior da ilha desaparece. Qualquer coisa que faz lembrar a série Lost. Vai na volta, foi em Jaco que os argumentistas se inspiraram. Pelo sim pelo não e respeitando as crenças dos locais, decidimos ficar pela praia e pelo mar, um dos melhores sítios para fazer snorkling no mundo, dizem! Prometo que da próxima vez que lá for já terei uma GoPro! Os rapazes chegaram a ver um tubarão. Eu só vi muitos e muitos peixinhos, corais e estrelas do mar. Os únicos peixes que todos soubemos identificar foi graças ao filme do nemo. Toda gente viu dory’s e o mau, aquele peixe amarelo e preto com uma barbatana comprida em cima. O nome dos outros peixes fica para uma próxima ida e um estudo prévio da fauna de Jaco. Só para não darmos ares de muita ignorância, ahah!

Almoçamos o dito do peixe com as mãozinhas que é o que é bom, umas cervejinhas bem geladinhas que tínhamos levado, vimos peixinhos e búzios andantes (sim, aqui os búzios ainda têm bichinho dentro), passeamos pela praia, dormimos, lemos, etc... Deu tempo para um pouco de tudo mas mesmo assim foi insuficiente. Jaco é mesmo espetacular!






Ao fim do dia, apanhámos o barco de volta para a outra margem. Respirámos fundo e preparamo-nos para subir o tortuoso trajeto até Los Palos. Felizmente tudo correu bem. Tal foi a violência da subida que não consegui tirar uma única fotografia. Cada vez que punha a máquina no olho o jipe saltava. Estranho é não ter ficado com um olho negro. Qualquer vídeo que tivesse feito, o único resultado seria uma grande dor de cabeça para quem tentasse seguir o vídeo.

De caminho para Los Palos e já depois da terrível subida de 8 km, ainda passámos por um casamento tradicional timorense. A cerimónia aconteceu numa casa sagrada, Uma Lulik. Ainda tentámos que nos explicassem cada passo do que estava a acontecer mas ficámos apenas muito confusos. Uns diziam que o casal tinha de dar sete voltas por de baixo da casa, outros dezoito, uns mandaram-nos embora, outros chamaram-nos para assistir e no final até fomos convidados para o copo de água. Com muita pena minha, estávamos todos mais do que a cair de cansaço portanto não fomos a copo de água nenhum. 






Fomos em filinha indiana com os carros do casamento durante uma hora até à pousada e aí jantámos e aterrámos na cama. O banho teve direito a água quente. Tendo em conta que não sabia o que isso era há mais de um mês, soube mesmo bem!
No dia seguinte acordei por volta das oito. Lá fora estava a chover bem. É das coisas que me lembro de Venilale de saber mesmo bem. A maioria das casas aqui em Timor e especialmente nas montanhas, são super arejadas, com várias janelas grandes que estão sempre abertas. Ficar debaixo do telheiro a tomar o pequeno almoço e a ver e ouvir a chuva intensa lá fora é mesmo bom.
            A seguir toca de arrancar novamente para Baucau onde almoçamos um grande bife com tatas na pousada. Quem diria que ao sair da capital teríamos acesso a alguns pequenitos luxuzitos que estamos privados aqui na cidade. Comi mais bitoques durante este fim de semana do que comi num mês que cá estou. Gosto muito de arrozinho, peixe e vegetais mas gosto ainda mais de um bom bife e aqui em Díli é sempre um problema para comprar carne. O clima também é bem melhor nos distritos e em Los Palos, até tivemos direito a banhinho de água quente. Coisa que não existe na casa MOVE!
            Enfim, foi um fim de semana cansativo mas que valeu mesmo a pena. O céu e as estrelas, o snorkling, a praia, a calma, o peixinho assado, o casamento timorense, etc... Foi mesmo bom! Pena passar tantas horas dentro do carro sem poder sair e conhecer um pouco mais! Continua a fazer falta uma experiência mais intensa da essência de Timor. Embora o nosso trabalho nos ponha em contacto diário com vários timorenses, Díli não é Timor. Há todo um mundo para conhecer nos distritos!



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