Lost in Translation

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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Monte Ramelau

Quando saí de Timor há três anos atrás prometi a mim mesma que havia de voltar! Uma das razões era porque tinha de subir ao Ramelau (2963 m). 

Há quatro anos subi o Pico (2351 m) e foi uma experiência incrível. Vim a Timor no ano seguinte e queria mesmo ter subido ao Ramelau. Lembro-me de ter ido à agência de viagens aqui do sítio, disse que tinha muito pouco tempo e a rapariga (portuguesa) disse-me que se eu quisesse, pagava 300 USD e aproveitava a boleia do guia que ia buscar duas francesas a Hatu Builico, sítio de onde se começa a subida. Trocado por míudos, a mulher propôs que eu pagasse 300 USD para me enfiar num jipe, apanhar pancada durante sete horas, ver o sítio onde a malta começa a caminhar, não curtir nem a caminhada nem o topo do Ramelau e voltar para trás noutra viagem de sete horas a apanhar pancada. Desde então que a coisa me ficou um pouco atravessada. A minha próxima estadia em Timor teria de incluir necessariamente as visitas a Jaco, Ramelau, Oecussi e Ataúro. As duas primeiras estão feitas. A única questão é que agora a lista de locais a visitar nesta terra está bem maior mas pronto, cada coisa a seu tempo.

Comecemos então o relato da subida ao monte. Desta vez a viagem foi bem menos atribulada mas ainda não foi desta que nos livramos dos furos. O João Maria que já tinha subido ao Ramelau disse logo que estava de fora mas que nos levava de carro ao Hotel Timor, ponto de encontro com o resto da malta. Enfiamos-nos todos dentro do carro, andamos cinco metros para trás e quando o Tiago olha para trás para ver se o João não põe a roda na valeta, "Oh João estás com o pneu completamente em baixo". Como de costume já íamos bem atrasados portanto nem o ajudámos a mudar o pneu, apanhamos um táxi para o Hotel Timor. 

Depois de um cafézinho lá nos pusemos a caminho até Aileu, onde paramos para ver um croco e o memorial do massacre de Aileu em 1942.








Quando chegámos à pousada onde o grupo ía dormir já era de noite. Deviam ser umas sete da tarde mas aqui anoitece mesmo cedo. Jantámos e ficámos por ali na conversa e a tocar guitarra até tarde. Uns ficaram a dormir na pousada outros foram dormir para o carro, foi o meu caso. Fiquei acordada a olhar para as estrelas até às 2:00 com hora marcada para levantar às 3:00. 

Fomos de carro até ao portão do santuário e depois toca de começar a subir. Escadas para começar logo em grande. Foram 10 m até começar a arfar. Já só faltavam três horas do mesmo! 

A subida custou mas tenho-vos a dizer que é mesmo incrível. Ás tantas já havia claridade e eu só queria mexer o rabo para conseguir ver o nascer do sol com uma vista a 360º. Os meus pulmõezinhos não estavam mesmo a deixar. Com o  vento gelado eu já só me queria enfiar dentro de um arbusto. Mal vi a estátua da Nossa Senhora do Ramelau, foi um nonstop até lá a cima!

Por mim ainda passou uma miúda a subir o Ramelau a cavalo, um cuda como lhe chamam por estes lados. Acho que da próxima vez será assim.


No topo, uma vista mesmo mesmo espectacular mas tinha as mãos a congelar. Vi o pôr do sol, despachei a minha máquina para as mãos da Sara e sentei-me no meio do grupo a ver se o calor humano ajudava a não morrer congelada. Pena que estava um pouco nublado portanto a visibilidade não estava espectacular.















Os nossos guias:



A descida fizemo-la já de dia com o solzinho a bater e uma vista de cortar a respiração. Bem bom! 











A fazer o caminho inverso vinham imensos jovens timorenses (rios de malta jovem) a começar a peregrinação de 7 de Outubro, dia em que todos os anos se celebra uma missa lá em cima dedicada à Nossa Senhora do Ramelau, a Virgem Maria Mãe de Deus e Santa padroeira de Timor-Leste.





Antes de arrancar ainda tivemos de mudar mais um pneu. Enquanto uns trabalhavam outros descansavam as perninhas!




O monte Ramelau:



No regresso ainda parámos numa pousada em Maubisse. Penso que o edifício seria o antigo posto de comando português. Muito velhinho mas também com uma vista incrível! No resto do caminho já ninguém tinha forças para falar e nem a curva e contra-curva impediram a malta de ir batendo um sorna. 
Chegámos a Díli por volta das seis da tarde. Foi chegar a casa, tomar banho, comer uns noodles e enfiar-me na cama. Só acordei no dia seguinte às oito e meia! Um fim de semana cansativo mas CHEIO! Venham mais como este!